Municípios do Oeste da Bahia são alvos de operação que desarticula organização que falsificava defensivos agrícolas

Foram 55 mandados de busca e apreensão em residências e empresas, 22 mandados de busca e apreensão de veículos E 37 mandados de sequestro de bens e rendas
Uma equipe composta por delegado e agentes investigadores da Coordenadoria Regional de Polícia Civil (11ª COORPIN/Barreiras) cumpriu na manhã desta quinta-feira (15), cinco Mandados de Prisões expedidos pela Justiça de São Luiz Gonzaga/Rio Grande do Sul, nos municípios de Luís Eduardo Magalhães, São Desidério e Barreiras, na região Oeste da Bahia, que foram alvos da operação Hórus, deflagrada pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul com objetivo de desarticular uma organização criminosa que falsificava e comercializava agrotóxicos no país.


De acordo com a Polícia Civil de Barreiras, 160 ordens judiciais foram cumpridas, sendo 11 Mandados de Prisão Preventiva contra líderes da organização, 55 Mandados de Busca e Apreensão em residências e empresas (em 5 cidades da Bahia, 01 do Paraná e 15 do Rio Grande do Sul), 22 Mandados de Busca e Apreensão de veículos, 37 Mandados de Sequestro de Bens e Rendas, além de suspensão de CNPJ de empresas “laranjas”.


Durante cumprimento de Mandado de Busca e Apreensão numa residência anexa à sede da fazenda Primavera, em São Desidério, foram encontradas, uma arma de fogo (pistola), 26 munições intactas e pequena quantidade de substância análoga a maconha.


O proprietário da fazenda não foi localizado. Nesta ação, os policiais contaram com o apoio técnico de uma equipe de fiscais do Ministério da Agricultura, a qual identificou nesta propriedade, a existência de produtos químicos, granulados, de cor clara, provavelmente contrabandeados e de outro produto químico, líquido, em galões de 20 litros, com suspeita de falsificação. Também apreendeu um note book e um pen-drive.




Na localidade de Sítio Grande, zona rural de São Desidério, foram encontrados e apreendidos três galões de defensivos agrícolas (um vazio) e um Iphone 11.


No bairro Jardim das Acácias, em Luís Eduardo Magalhães, os policiais apreenderam insumos químicos/fertilizantes, sendo, 20 quilos em pó, 25 quilos granulado e uma caixa com quatro vasilhames de quatro litros.




Em Barreiras, na Rua Augusto Borges, localidade de Novo Paraná, no interior de um galpão, nos fundos de uma residência, a equipe encontrou dois galões vazios e 32 galões fechados e rotulados e mais dois pacotes abertos de fertilizantes.


Todos os produtos apreendidos foram apresentados na sede da 11ª Coordenadoria de Polícia Civil.


Operação Hórus


A operação policial é resultado de uma investigação que vem sendo realizada pelo DPI e pela Draco São Luiz Gonzaga (RS), que coordenam a Operação Hórus na Polícia Civil do RS.


Ambos são coordenados também pelo DPI da SSP e Chefia da Polícia Civil. No RS, além de 125 policiais civis, participaram policiais e agentes da Brigada Militar, Polícia Rodoviária Estadual, Polícia Rodoviária Federal, Batalhão de Operações Especiais, Ministério da Pecuária, Agricultura e Abastecimento, Receita Federal, Secretaria Estadual da Agricultura e Instituto-Geral de Perícias.


No Paraná e Bahia participaram a Polícia Civil, Polícia Militar e Ministério da Pecuária, Agricultura e Abastecimento.


A investigação contra a falsificação de defensivos agrícolas


As investigações da Draco São Luiz Gonzaga iniciaram há cerca de um ano, a partir de uma demanda da coordenação central da operação Hórus (Ministério da Justiça, em Brasília), juntamente com a Secretaria de Segurança Pública do RS e Chefia da Polícia Civil, já que estudos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento indicavam que, desde meados do ano de 2021, o RS tornou-se a porta de entrada de defensivos ilegais fabricados na China e na Índia, que ingressam no território brasileiro pelos países vizinhos da Argentina e Uruguai.


Tal situação, que representa enorme risco à saúde pública, ao meio ambiente e à economia local e nacional, resultou num trabalho conjunto coordenado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública que, por intermédio da Operação Hórus e Operação Controle Brasil, mapeou alguns grupos envolvidos e os pontos de ingresso dos defensivos agrícolas, resultando num trabalho investigativo amplo, que congregou todas as bases Hórus da Polícia Civil (São Luiz Gonzaga, Santiago, Bagé, Passo Fundo e Três Passos).


A organização criminosa tinha como sede principal a cidade de São Luiz Gonzaga (RS) e se dividia em 6 células, que eram compostas por 34 pessoas físicas e 3 pessoas jurídicas (empresas). Dois grupos menores, um deles sediado na zona rural de Roque Gonzales (RS) e outro em Humaitá (RS), eram os responsáveis pelo fornecimento dos defensivos proibidos e insumos usados na falsificação.


As demais quatro células se dividiam na falsificação dos produtos e embalagens, na venda dos defensivos agrícolas proibidos e na lavagem da renda do crime por meio de “laranjas”, tendo como sede principal a cidade de São Luiz Gonzaga/RS.


Ação passava por contas de “laranjas”
No decorrer das investigações, que contaram também com a participação efetiva dos demais órgãos de segurança pública e fiscalização envolvidos na operação Hórus de grande parte do Brasil, apurou-se que a organização criminosa era chefiada por um grupo de produtores rurais e empresários, alguns deles do ramo de insumos agrícolas, sendo que alguns deles movimentaram, em poucos meses – de janeiro a agosto de 2022 – mais de 25 milhões de reais em contas bancárias de “laranjas” (empresas, parentes e amantes).




A organização criminosa enviou diversas cargas de defensivos agrícolas ilegais para diversos produtores rurais do Brasil, em especial RS e Bahia, sendo que lá as cargas se concentraram nas regiões de Barreiras e Luís Eduardo Magalhães, região que tem se destacado nacionalmente na produção de grãos, especialmente a soja.




A Draco São Luiz Gonzaga monitorou as movimentações financeiras dos investigados, constatando que grande parte do dinheiro auferido com a venda criminosa dos defensivos agrícolas ilegais passou pelas mãos de diversos “laranjas”, incluindo familiares, “amantes” e empresas.


Das atividades empresariais usadas para a lavagem da renda do crime, destacaram-se uma conhecida loja de roupas de grife, uma empresa do ramo de insumos agrícolas e uma pequena empresa de fabricação de “cucas” (pães doces), todas localizadas em São Luiz Gonzaga/RS.




Fonte: Polícia Civil/ Canal Rural Repórter Salomão Correria